domingo, 20 de novembro de 2011

Posse na Academia Mourõense de Filosofia

É com muita honra que passo a ocupar a cadeira do patrono Zygmunt Bauman (1925 - ) na Academia Mourãoense de Filosofia. Agradeço ao Presidente da Academia, José Mateus Bido, pela oportunidade, a minha famlília e amigos, que estiveram ontem na solenidade de posse, pelo apoio incondicional.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Poemas Publicados no IV CLIPP


Só agora pude registrar aqui a alegria que tive ao receber a notícia de que dois poemas de minha autoria “Poema Azul” e “Poema Acidental” haviam sido selecionados para  publicação no IV CLIPP (Concurso Literário de Presidente Prudente).

A premiação aconteceu no espaço “Papo de Autor” dentro do Salão do Livro em Outubro de 2010.

Agradeço a todos que estiveram por lá amigos e familiares em especial meu sobrinho Gabriel, ao qual dediquei a premiação.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Poema Inicial

Do alto daquela pedra
Mirante do infinito
Fez-se o rito do princípio
O mar de testemunha
Rolou seu tapete de espuma
Anunciando o fim da deriva da escuna
Quando fez cais meu peito tua
Matheus Mamede

sábado, 18 de setembro de 2010

Travessia

Avenida mar te parecia
ancorado naquela esquina
do espanto se fazia
a mim maresia
Matheus Mamede

Recuperação da Adolescência

é sempre mais difícil
ancorar um navio no espaço
Ana Cristina Cesar

Foi atravessando a Av. Paulista que lí este poema minutos depois de comprar na Livraria Cultura "A teus pés". Dessa experiência nasceu o poema "Travessia".

Meu interesse pela Ana Cristina Cesar se deu inicialmente por sua biografia quando, aos trinta e um anos, suicidou-se atirando-se da janela do apartamento dos pais no Rio de Janeiro.

Apesar de não se tratar de um Blog dedicado à escritora presto uma honagem, ao dar nome a este cais, com um trecho do poema.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Poema Acidental

Resignei-me da esperança à espera da solução do acaso.
Por acaso o fato, acaso, me cobriu novamente de esperança
Enfim, ao acaso repleto de esperança.
Matheus Mamede

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Curto-Circuito do Prazer

É na escassez que a criatividade se mostra primeiro. Os melhores pratos que eu preparei foram aqueles que não seguiram nenhuma receita prévia. O prato do dia seria aquele que imaginasse possível diante dos ingredientes disponíveis.

Estavam ali: três metades de pêssegos em calda, meia lata de creme de leite e outra de leite condensado. Era tudo que se precisava para uma sobremesa de pêssegos mais incrementada daquela da qual as demais metades da lata haviam sido testemunha.

A primeira etapa era picar os pêssegos. A segunda bater no liquidificador calda, creme de leite e leite condensado. Foi quando eu tive a infeliz idéia de aproveitar um envelope de gelatina sem sabor para deixar mais firme a sobremesa.

Nada de errado nisso, aliás, truque dos grandes chefes. Fiel a ideologia do “faça com o que é possível”, não me importei de usar a gelatina sem sabor, porém com cor: vermelha. Um detalhe que não comprometeria a receita. Foi ai que meus problemas começaram. Não me refiro ao resultado, pois os ingredientes desempenharam muito bem seus papéis.

A cada colherada sentia-se o gosto de morango e nenhum gosto de pêssego. Havia um conflito de sentidos. Meus olhos viam pêssegos numa mousse vermelha que meu paladar entendia como sendo de morangos...

Reli o rótulo da embalagem. Minha visão não havia me enganado.

Na interpretação do autor Paul Boom de “Como o Prazer Funciona – A Nova Ciência de Por que Gostamos Daquilo de que Gostamos”, os seres humanos têm uma visão essencialista do mundo e quando interagida com o prazer pode gerar um subproduto indesejável.

O essencialismo, compreendido como a noção de que as coisas têm uma natureza oculta que as define, não é em si um mal. Ao contrário, ele nos leva a ser observadores detalhistas, que tentam ler pistas externas a verdadeira essência dos objetos. Altamente favorável a nossa sobrevivência.

A questão é que muitas vezes o essencialismo produz confusão. Experimentos conduzidos pelo psicólogo social Henri Tajefel mostram que o que pensamos acerca de nossos alimentos altera, às vezes profundamente, a forma como os apreciamos.
Num experimento com especialistas, o mesmo vinho foi rotulado como “grand cru” (de alta qualidade) ou de “vin de table” (ordinário). A avaliação mudava conforme o rótulo. Com a crença errada, somos capazes de nos deleitar com comida de cachorro como se fosse patê de “foie gras”.

Ao contrários dos demais animais, temos a capacidade de antecipar sensações e extrair prazer (ou sofrimento) dessa antevisão.

A mousse vermelha de pêssegos gerou uma espécie de curto-circuito do prazer. Acredite: era de pêssego, mas tinha gosto de morango.
Matheus Mamede