Do alto daquela pedra
Mirante do infinito
Fez-se o rito do princípio
O mar de testemunha
Rolou seu tapete de espuma
Anunciando o fim da deriva da escuna
Quando fez cais meu peito tua
Matheus Mamede
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
sábado, 18 de setembro de 2010
Travessia
Avenida mar te parecia
ancorado naquela esquina
do espanto se fazia
a mim maresia
Matheus Mamede
ancorado naquela esquina
do espanto se fazia
a mim maresia
Matheus Mamede
Recuperação da Adolescência
é sempre mais difícil
ancorar um navio no espaço
Ana Cristina Cesar
Foi atravessando a Av. Paulista que lí este poema minutos depois de comprar na Livraria Cultura "A teus pés". Dessa experiência nasceu o poema "Travessia".
Meu interesse pela Ana Cristina Cesar se deu inicialmente por sua biografia quando, aos trinta e um anos, suicidou-se atirando-se da janela do apartamento dos pais no Rio de Janeiro.
Apesar de não se tratar de um Blog dedicado à escritora presto uma honagem, ao dar nome a este cais, com um trecho do poema.
ancorar um navio no espaço
Ana Cristina Cesar
Foi atravessando a Av. Paulista que lí este poema minutos depois de comprar na Livraria Cultura "A teus pés". Dessa experiência nasceu o poema "Travessia".
Meu interesse pela Ana Cristina Cesar se deu inicialmente por sua biografia quando, aos trinta e um anos, suicidou-se atirando-se da janela do apartamento dos pais no Rio de Janeiro.
Apesar de não se tratar de um Blog dedicado à escritora presto uma honagem, ao dar nome a este cais, com um trecho do poema.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Poema Acidental
Resignei-me da esperança à espera da solução do acaso.
Por acaso o fato, acaso, me cobriu novamente de esperança
Enfim, ao acaso repleto de esperança.
Matheus Mamede
Por acaso o fato, acaso, me cobriu novamente de esperança
Enfim, ao acaso repleto de esperança.
Matheus Mamede
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Curto-Circuito do Prazer
É na escassez que a criatividade se mostra primeiro. Os melhores pratos que eu preparei foram aqueles que não seguiram nenhuma receita prévia. O prato do dia seria aquele que imaginasse possível diante dos ingredientes disponíveis.
Estavam ali: três metades de pêssegos em calda, meia lata de creme de leite e outra de leite condensado. Era tudo que se precisava para uma sobremesa de pêssegos mais incrementada daquela da qual as demais metades da lata haviam sido testemunha.
A primeira etapa era picar os pêssegos. A segunda bater no liquidificador calda, creme de leite e leite condensado. Foi quando eu tive a infeliz idéia de aproveitar um envelope de gelatina sem sabor para deixar mais firme a sobremesa.
Nada de errado nisso, aliás, truque dos grandes chefes. Fiel a ideologia do “faça com o que é possível”, não me importei de usar a gelatina sem sabor, porém com cor: vermelha. Um detalhe que não comprometeria a receita. Foi ai que meus problemas começaram. Não me refiro ao resultado, pois os ingredientes desempenharam muito bem seus papéis.
A cada colherada sentia-se o gosto de morango e nenhum gosto de pêssego. Havia um conflito de sentidos. Meus olhos viam pêssegos numa mousse vermelha que meu paladar entendia como sendo de morangos...
Reli o rótulo da embalagem. Minha visão não havia me enganado.
Na interpretação do autor Paul Boom de “Como o Prazer Funciona – A Nova Ciência de Por que Gostamos Daquilo de que Gostamos”, os seres humanos têm uma visão essencialista do mundo e quando interagida com o prazer pode gerar um subproduto indesejável.
O essencialismo, compreendido como a noção de que as coisas têm uma natureza oculta que as define, não é em si um mal. Ao contrário, ele nos leva a ser observadores detalhistas, que tentam ler pistas externas a verdadeira essência dos objetos. Altamente favorável a nossa sobrevivência.
A questão é que muitas vezes o essencialismo produz confusão. Experimentos conduzidos pelo psicólogo social Henri Tajefel mostram que o que pensamos acerca de nossos alimentos altera, às vezes profundamente, a forma como os apreciamos.
Num experimento com especialistas, o mesmo vinho foi rotulado como “grand cru” (de alta qualidade) ou de “vin de table” (ordinário). A avaliação mudava conforme o rótulo. Com a crença errada, somos capazes de nos deleitar com comida de cachorro como se fosse patê de “foie gras”.
Ao contrários dos demais animais, temos a capacidade de antecipar sensações e extrair prazer (ou sofrimento) dessa antevisão.
A mousse vermelha de pêssegos gerou uma espécie de curto-circuito do prazer. Acredite: era de pêssego, mas tinha gosto de morango.
Matheus Mamede
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Éloge de l´Amour
O Amor segundo Badiou, em suma, é uma aventura, mas que precisa ser obstinada:
"Abandonar a empreitada ao primeiro obstáculo, à primeira divergência séria ou aos primeiros problemas é uma desfiguração do amor. Um amor verdadeiro é o que triunfa duravelmente, às vezes duramente, dos obstáculos que o espaço, o mundo e o tempo lhe propõem".
Elogio do Amor - Alain Badiou - Filósofo Francês
sábado, 22 de maio de 2010
Mar sonoro
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que suponho
Seres um milagre criado só para mim.
Sofia de Mello Breyner
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que suponho
Seres um milagre criado só para mim.
Sofia de Mello Breyner
Pirata
"Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Gosto de uivar no vento como os mastros
E de me abrir na brisa como as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.
A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo."
Sofia de Mello Breyner
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Gosto de uivar no vento como os mastros
E de me abrir na brisa como as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.
A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo."
Sofia de Mello Breyner
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